Continuei caminhando, vendo o mesmo sair entre os campistas e desaparecer em certo ponto. Fudeu, o que ele quer falar comigo?
Cheguei no pavilhão e fui em direção a minha mesa, pedi um carreteiro com batata palha (N/A: alguém aí já comeu? ) e uma Coca-Cola, coloquei metade da minha comida na fogueira e voltei a me sentar.
Antes que eu colocasse o garfo em minha boca, Quíron chegou batendo seus cascos.
– Tenho uma notícia a dar: as caçadoras irão se juntar a nós hoje – alguns campistas ficaram felizes, mas alguns (meninos) se encolheram. Ri. Já tinha ouvido algumas coisas sobre as caçadoras e nessas horas eu não quer ser um menino -, e para comemorar, caça a bandeira à noite! – aí sim, todos comemoraram.
Quíron saiu e finalmente pude comer.
Fiquei pensando se as caçadoras iriam me aceitar, já que eu sou o fruto do ‘desgosto’ delas, Ártemis havia perdido sua virgindade e eu era o custo disso.
Estava nervosa, ora, não posso mandar todo mundo se foder o tempo todo. O que eu iria fazer se elas não me aceitassem? Me matar?
Deixei esses pensamentos de lado e sai do pavilhão, já tinha terminado de comer, e precisava me encontrar com John ainda. Comecei a andar em direção a floresta, pelo menos uma parte dela, onde ninguém nos veria.
Fiquei um tempo esperando até que uma fumaça preta começou a aparecer ao meu lado. Não me assustei, sabia que era John chegando.
– Como eu queria fazer isso.. – pensei, alto demais.
– Só filhos de Hades podem fazer – falou John rindo.
– Isso é injusto.. – argumentei
– Não é não, cada Deus tem seu poder, seus filhos devem ter também..
– Mas é minha mãe? Que poder ela tem?
– Bom... – levantei as sobrancelhas, ele não tinha nada para falar – Ta, eu não sei, mas deve ter algum.
– Ta, vamos para o assunto que fez eu estar aqui. Que maldição é essa? – fui direta
Ele mexeu em seu cabelo, nervoso, como se ele já não estivesse bagunçado.
– É complicado...
– Não vou te forçar a contar nada..
– Obrigado – falou ele aliviado -, mas preciso que você diga exatamente o que sonhou.
– Bom, o sonho começou e eu estava no submundo, entrei dentro do castelo e ouvi seu pai e Nico brigar... – contei todo meu sonho para ele, que escutou sem me interromper.
– Então a maldição pode ser quebrada! – exclamou ele – porque ele não me disse isso? Tive que conviver com isso durante anos, achando que eu ficaria com essa maldição para sempre...
– Desculpa, mas dá para explicar? – perguntei tentando ser não soar grossa.
– Não posso lhe contar tudo, acho que ainda não é a hora certa, nos conhecemos a pouco tempo. Mas a verdade é que eu tenho uma maldição, e antes que me interrompa, não vou dizer, Hades a lançou em mim, sem motivo algum, ou pelo menos ninguém disse a razão por qual ele fez isso. Por causa dela tive que ser criado no mundo inferior, mas não como Nico e Bianca, era como uma punição– falou ele, se lembrando de alguma coisa que lhe causou dor ou que ainda lhe causava, pois estava se encolhendo. – Quando eu tinha 10 anos alguma coisa aconteceu e fui mandado para cá, não me lembro de nada, apenas da maldita maldição. Quíron já tentou tira-la de mim, mas em vão.- a essa hora ele já estava sentado.
– Mas agora seu pai disse que podia tira-la de você com os ingredientes certos. – falei me sentando ao seu lado.
– Sim, preciso falar com Quíron, mas ainda não sei o por que de ser você que sonhou com isso, não eu.
Fiquei calada, eu também não sabia o por que disso.
– Quem é que sabe dessa maldição? – falei depois de alguns minutos de silencio
– Apenas Quíron, Nico e agora você... – assenti.
– Obriga por confiar em mim, se precisar de alguma coisa ou se quiser ajuda para falar com Quíron, me chama. Agora preciso ir.. Tchau.. – disse e saí, voltando para o meu chalé.
Olhei para ele, era o último momento com ele silencioso e vazio antes da caçadora virem para o Acampamento.
Tirei esses pensamentos da cabeça, seria bom ter gente para compartilhar (pelo menos por um certo período).
Antes de eu pensar em fazer alguma coisa ouvi o barulho da sineta, mas não o normal, que avisa o horário das atividades, era diferente. Decidi sair e ver o que estava acontecendo.
Sai do chalé dando de cara com um amontoado de campistas, eles estavam subindo a colina e decidi acompanha-los.
Chegando lá pude perceber que havia um amontoado de meninas e que uma delas havia uma pequena coroa na cabeça. As caçadoras haviam chegado.
Fui abrindo passagem até chegar na frente de todos, onde pude ver mais claramente. Elas não eram musculosas como as filhas de Ares, mas podia se ver que tinham força, carregavam consigo arcos e tinham uma autoridade incrível, mas não sobre mim, cada uma usava um casaco de pele e eu imaginava como aquilo não as incomodava com o calor.. Ao lado da menina com a coroa pude perceber que havia uma mulher que não tinha visto antes. Ela era elegante, seus traços eram fortes, dava para perceber que era poderosa, parecia que seus olhos capitavam tudo, qualquer movimento, usava roupas feitas pela pele de (o que eu achava) suas caças, aquela ali era Ártemis, a deusa da caça e da lua, a minha....
– Mãe? – falei um pouco alto demais. As caçadoras e Ártemis olharam para mim, como se eu fosse uma lebre que estava prestes a fugir.
– Bonnie? – perguntou ela vindo em minha direção com passos lentos. Todos ficaram em silêncio, parecia que ninguém respirava ali, até os pássaros pararam de cantar para ver o que iria acontecer ali, naquele momento e eu não estava diferente, eu tinha paralisado, minha mãe estava ali na frente e eu não conseguia fazer nada, nem abraça-la...
Continua...
Autor(a): Ju Potato (Júlia Linck)
Capitulo: 10
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